O Tarot e a Cabala Mística

 O Tarot e a Cabala Mística

 O livro Cabala Mística de Dion Fortune é extremamente rico no que diz respeito aos conhecimentos mágicos envolvendo a grande estrutura que é a Cabala. Neste livro, Dion Fortune trata de diversos assuntos que se relacionam diretamente com a Cabala, dentre eles, está obviamente o Tarot.

 Não há como negar de maneira alguma a estreita conexão e a importância entre a Cabala e o Tarot, visto que este é uma face do próprio sistema da Cabala, como diz a própria Dion Fortune:

“A Árvore da Vida, a Astrologia e o Tarô não são três sistemas místicos, mas três aspectos de um mesmo sistema, e um é incompreensível sem os outros. Apenas quando estudamos a Astrologia relativamente à Árvore é que dispomos de um sistema filosófico. O mesmo se aplica ao sistema de adivinhação do Tarô, a este, com suas interpretações abrangentes, fornece a chave da Árvore em sua aplicação à vida humana.” [Página 55]


 Tenho como objetivo aqui, organizar e apresentar de maneira compacta algumas informações relacionadas ao Tarot que Dion Fortune majestosamente explica em seu livro. Porém, não tenho o objetivo de reescrever qualquer coisa dita por ela, apenas compilar e organizar de maneira simples as relações que ela traz em sua obra, de maneira que os buscadores possam encontrar de maneira mais fácil e direta essas ideias. Então, caso tenha se interessado pelas informações contidas aqui e ainda não tenha lido o livro, considere-o como uma leitura obrigatória. 

 Dito isto, acredito que já seja seguro continuar sem que eu me faça por mal entendido. Caso algum leitor encontre alguma falha ou discordância do que eu colocar aqui em relação às informações originais, peço que me avise para que eu conserte. Desde já, obrigado.


Visão geral da relação entre o Tarot e a Cabala

Em relação aos arcanos maiores, eles são dispostos de acordo com os caminhos da Árvore da Vida, porém, não iremos nos aprofundar a eles dado ao fato de que os caminhos não são profundamente abordados nos assuntos do livro, então, teremos maior precisão se comentarmos com maior ênfase nos arcanos menores, que estão relacionados diretamente às esferas da Árvore.

É importante mencionar que neste livro, Dion Fortune segue a ordem adotada por Crowley, e não por Waite.


Dentre os arcanos menores, possuímos 4 naipes que correspondem aos 4 Mundos dos cabalistas e aos quatro elementos dos alquimistas, as cartas reais, associadas ao Tetragrammaton, e as cartas numeradas, associadas às esferas.

Os quatro mundos cabalísticos, os elementos e os naipes:

Atziluth (mundo arquetípico, mundo da emanação): 

  • Letra: YOD 

  • Tarot: Naipe de Paus

  • Elemento: Fogo 


Briah (mundo da criação):

  • Letra: He

  • Tarot: Naipe de Copas

  • Elemento: Água


Yetzirah (mundo da formação):

  • Letra: Vau

  • Tarot: Naipe de Espadas

  • Elemento: Ar


Assiah (mundo da manifestação/ação):

  • Letra: He

  • Tarot: Naipe de Ouros

  • Elemento: Terra


Quatro cartas reais

Relacionadas ao Tetragrammaton, YOD HE VAU HE

 

  • Yod, Rei: O Rei, por ser uma figura a cavalo, indica a ação rápida de Yod do Tetragrammaton na Esfera do naipe, correspondendo, assim, ao Coringa do baralho moderno

  • He, Rainha: como nos baralhos modernos, é uma figura sentada, representando as forças imóveis do do Tetragrammaton

  • Vau, Príncipe: é uma figura sentada, correspondendo ao Vau do Tetragrammaton

  • He, Princesa: o Valete dos baralhos modernos, corresponde ao final do Nome Sagrado. 


Número das cartas dos naipes

“Os quatro ases são atribuídos a Kether, a primeira Sephirah; os quatro dois, a Chokmah, a segunda Sephirah; a assim sucessivamente, os quatro dez correspondendo a Malkuth. Observamos, desse modo, que as cartas dos quatro naipes do Tarô representam a ação das forças divinas em cada Esfera a em cada nível da natureza.” [CABALA MÍSTICA -  DION FORTUNE, PÁGINA 55]


  1. Kether

  2. Chokmah

  3. Binah

  4. Chesed

  5. Geburah - naipe de espadas

  6. Tipheret

  7. Netzach

  8. Hod

  9. Yesod

  10. Malkuth


I - KETHER, os Áses

 “O fato de que os quatro ases do Tarô, atribuídos a Kether, representam as raízes dos quatro elementos, Terra, Ar, Fogo e Água, confirma igualmente essa associação. Podemos, pois, considerar Kether como a fonte primordial dos elementos.”



  • Ás de Paus: Raiz dos poderes do fogo

  • Ás de Espadas: Raiz dos poderes do ar

  • Ás de Copas: Raiz do poderes da água

  • Ás de ouros: Raiz dos poderes do fogo


II - CHOKMAH

“Os quatro dois são atribuídos a Chokmah, a representam o funcionamento polarizado desses elementos em equilíbrio harmônico; por conseguinte, um dois é sempre uma carta de harmonia.”



  • II de Paus: Domínio

  • II de Copas: Amor

  • II de Espadas: Paz Restaurada

  • II de Ouros: Mudança Harmoniosa


“Essas quatro cartas indicam a força Chokmah na polaridade, isto é, o equilíbrio essencial do poder, tal como este se manifesta nos Quatro Mundos dos cabalistas. Quando surgem na adivinhação, elas indicam poder em equilíbrio. Não traduzem, porém, uma força dinâmica, como se poderia esperar em relação a Chokmah, pois Chokmah, sendo uma das Sephiroth Supremas, apresenta força positiva nos planos sutis e, consequentemente, nos planos da forma. O aspecto negativo de uma força dinâmica é representado pelo equilíbrio - polaridade. O aspecto negativo de um poder negativo é representado pela destruição, como podemos observar no hieróglifo de Kali, a terrível consorte de Shiva, cingida de crânios a dançando sobre o corpo de seu esposo.”


III - BINAH

“Os quatro três do baralho do Tarô são as cartas atribuídas a Binah e, de fato, o número três está intimamente associado à ideia da manifestação na matéria.”



  • III de Paus: Força estabelecida

  • III de Copas: Abundância

  • III de Espadas: Dor

  • III de Ouros: Trabalhos Materiais


“O três de paus chama-se Senhor da Força Estabilizada. Temos novamente aqui a idéia do poder em equilíbrio, que é tâo característico de Binah. Lembremos que Paus representa a força dinâmica de Yod. Essa força, quando na esfera de Binah, cessa de ser dinâmica, consolidando-se. 

Copas é, essencialmente, a forma feminina, pois a copa, ou o cálice, é um dos símbolos de Binah a está estreitamente relacionado com o yoni no simbolismo esotérico. O Três de Copas está, portanto, em casa em Binah, pois os dois grupos de simbolismo se completam mutuamente. O Três de Copas, que é corretamente chamado de Abundância, representa a fertilidade de Binah em seu aspecto de Ceres. 

O Três de Espadas, contudo, chama-se Sofrimento, a seu símbolo no baralho de Tarô é um coração transpassado por três punhais. Nossos leitores lembrarão a referência ao coração apunhalado da Virgem Maria no simbolismo católico, a Maria equivale a Marah, a amargura, o Mar. Ave, Maria, stella maris! 

As Espadas são, naturalmente, cartas de Geburah e, como tal, representam o aspecto destrutivo de Binah como Kali, a consorte de Shiva, a deusa hindu da destruição. 

Ouros são as cartas da Terra e, como tal, correspondem a Binah, a forma. O Três de Ouros, por conseguinte, é o Senhor dos Trabalhos Materiais, ou atividade no plano da forma.

Notemos que, assim como os planetas têm sua influência rèforçada quando estão nos signos do Zodíaco que são suas próprias casas, também as cartas do Tarô, quando o significado da Sephirah coincide com o espírito do naipe, representam o aspecto ativo da influência; e, quando a Sephirah e o naipe representam influências diferentes, a carta é maléfica. Por exemplo, a carta ígnea de espadas é uma carta de mau augúrio quando se acha na Esfera de influência de Binah”.


IV - CHESED

  • IV de Paus: Obra Perfeita

  • IV de Copas: Prazer

  • IV de Espadas: Repouso Após a Luta

  • IV de Ouros: Poder Terrestre


“ As quatro cartas do Tarô atribuídas a Chesed quando se manipula o baralho para a adivinhação expressam a ideia que rege a correspondência. O Quatro de Paus simboliza a Obra Perfeita, representando, assim, admiravelmente, a realização do rei no tempo de paz em seu reino bem governado. O Quatro de Copas chama-se Senhor do Prazer, a relaciona-se com o título de Esplendor atribuído a Chesed e com o fulgor de seu coro angélico. O Quatro de Espadas indica o Repouso após a luta, e concorda perfeitamente com o significado do monarca sentado. O Quatro de Ouros é o Senhor do Poder Terrestre, um simbolismo tão claro que não necessita esclarecimentos.”

V - GEBURAH

“Os quatro cincos do baralho do Tarot são cartas maléficas, cada uma de acordo com o seu tipo.

De fato, todo o naipe de espadas, que está sob o govemo de-Marte, representa a litigiosidade, pois seus melhores aspectos são "Descanso da luta" a "Sucesso após a batalha" e, quando uma carta de Espadas é associada a uma Sephirah cujo chakra cósmico é um dos maléficos astrológicos, o resultado é desastroso, a descobrimos os Senhores da Derrota a da Ruína nesse naipe.”



  • V de Paus: Luta

  • V de Copas: Perda no Prazer

  • V de Espadas: Derrota

  • V de Ouros: Conflito Terrestre


VI - TIPHARETH

  • VI de Paus: Vitória

  • VI de Copas: Alegria

  • VI de Espadas: Sucesso Merecido

  • VI de Ouros: Sucesso Material


“Os seis do baralho Tarô são atribuídos também a Tiphareth e, nessas cartas, a natureza harmoniosa e equilibrada dessa Sephirah se revela claramente. O Seis de Paus é o Senhor da Vitória. O Seis de Copas, o Senhor da Alegria. Mesmo o naipe maléfico de Espadas transforma-se em harmonia nessa Esfera, e o Seis de Espadas é conhecido como o Senhor dos Sucessos Merecidos - ou seja, o sucesso obtido após a batalha. O Seis de Ouros é o Sucesso Material; em outras palavras, o poder em equilíbrio.”

VII - NETZACH

“As quatro cartas do Tarô atribuídas a essa Sephirah contêm a ideia da batalha, ainda que numa forma negativa.

É curioso notar, contudo, que apenas o Sete de Paus tem um significado bom ou positivo, sendo os outros setes cartas de má sorte. A razão desse fato se esclarece, contudo, quando compreendemos o simbolismo como um todo, de modo que vamos deixá-lo de lado por enquanto, reconsiderando-o mais adiante.

Consideremos, por fim, o significado das cartas do Tarô associadas a Netzach. São os quatro setes do baralho.”


  • VII de Paus: Valor

  • VII de Copas: Sucesso Ilusório

  • VII de Espadas: Esforço Instável

  • VII de Ouros: Sucesso Incompleto


“Como chegamos à Esfera de influência do plano terrestre, consideramos oportuno explicar o que representam essas cartas menores do Tarô na adivinhação. Elas simbolizam os diferentes modos de funcionamento das diferentes forças sephiróticas nos Quatro Mundos dos cabalistas. O naipe de Paus corresponde ao nível espiritual; Copas, ao nível mental; Espadas, ao plano astral; a Ouros, ao piano físico. Consequentemente, se o Sete de Ouros sai na adivinhação, ele significa que a influência de Netzach exerce um papel no plano físico. Reza um velho adágio, "Feliz no amor, infeliz nas cartas", o que não é senão outra maneira de dizer que a pessoa que é atraente ao sexo oposto está perpetuamente em apuros. Vênus exerce uma influência perturbadora nos assuntos terrestres. Ela distrai dos negócios sérios da vida. Assim que sua influência chega a Malkuth, ela deve entregar a palma a Ceres e desaparecer. São os filhos, e não o amor, que mantêm o lar unido. O nome cabalístico do Sete de Ouros é Sucesso Incompleto, a devemos apenas passar em revista as vidas de Cleópatra, Guinevere, Isolda a Heloísa para compreender que Vênus no plano físico tem por divisa "Pelo amor, renuncio ao mundo". 

O naipe de Espadas é atribuído ao piano astral. O título secreto do Sete de Espadas é Esforço Instável, o qual expressa bastante bem a ação de Vênus na Esfera das emoções, com sua intensidade efêmera. O título secreto do Sete de Copas é Sucesso Ilusório. Essa carta representa a operação de Vênus na Esfera da mente, onde sua influência em nada contribui para tornar claras as concepções. Acreditamos no que queremos acreditar quando estamos sob a influência de Vênus. Nesse plano, sua divisa deveria ser "O amor é cego".

Apenas na Esfera do espírito, Vênus está em seu lugar adequado. Aqui, sua carta, o Sete de Paus, recebe o nome de Valor, que descreve convenientemente a influência dinâmica a vitalizante exercida quando seu significado espiritual é compreendido e empregado. 

As quatro cartas de Tarô atribuídas a Netzach revelam de maneira muito interessante a natureza da influência venusiana quando esta atinge os planos. Elas nos ensinam uma lição muito importante, mostrando como essa força é essencialmente instável, quando não tem raízes num princípio espiritual. As formas inferiores do amor são as emoções, e nestas não nos podemos liar; mas o amor superior é dinâmico a energizador.“


VIII - HOD

  • VIII de Paus: Rapidez

  • VIII de Copas: Sucesso Abandonado

  • VIII de Espadas: Força Diminuída

  • VIII de Ouros: Prudência


 “O conceito da reação a da satisfação inibidas está expresso no título do Oito de Copas do Tarô, cujo nome secreto é "Sucesso Abandonado". O naipe de Copas do Tarô, no simbolismo do Tarô, está sob a influência de Vênus e representa os diferentes aspectos e influências do amor. O "Sucesso Abandonado", a inibição da reação instintiva, que daria a satisfação - em outras palavras, a sublimação é a chave dos poderes de Hod. Mas lembremos que a sublimação não é a mesma coisa que a repressão ou a erradicação, e se aplica ao instinto de autopreservação, assim como ao instinto de reprodução, com o qual a mente popular a associa exclusivamente. 

 O mesmo conceito reaparece no título secreto do Oito de Espadas, que é "O Senhor da Força Diminuída". Temos, nessas palavras, uma clara imagem da suspensão e retenção do poder dinâmico que procuramos controlar. 

 No Oito de Ouros, que representa a natureza de Hod manifesta no plano material, temos o Senhor da Prudência - que é também uma influência restritiva. Mas essas três cartas negativas se resumem sob o governo do Oito de Paus, que representa a ação da Esfera de Hod no plano espiritual, e essa carta recebe o nome de Senhor da Rapidez.”

IX -YESOD

“E nas quatro cartas do Tarô atribuídas a essa Sephirah vemos claramente os efeitos do magnetismo etéreo. Possuímos uma Grande Força quando estamos em contato com a Terra, abençoados por Pã; há também a Alegria Material; de fato, sem a bênção de Pã, não pode haver nenhuma felicidade material, porque não há paz dos nervos. Nesse lado negativo, contudo, encontram-se as profundidades do desespero a da crueldade; mas, nos contatos terrestres firmes sob nossos pés, obtemos o Ganho Material, porque estamos prontos para trabalhar o plano material.”


  • IX de Paus: Grande Força

  • IX de Copas: Felicidade Material

  • IX de Espadas: Desespero de Crueldade

  • IX de Ouros: Ganho Material


X - MALKUTH

“Os quatro elementos correspondem aos quatro temperamentos descritos por Hipócrates, aos quatro naipes do Tarô, aos doze signos do Zodíaco e aos sete planetas. Se estudarmos as implicações dessa afirmativa, veremos que nela se ocultam algumas chaves muito importantes

O Elemento Terra corresponde ao Temperamento Fleumático; ao naipe de Ouros; aos signos de Touro, Virgem e Capricórnio; a aos planetas Vênus a Lua. 

O Elemento Água corresponde ao Temperamento Linfático; ao naipe de Copas; aos signos de Câncer; Escorpião e Peixes; e ao planeta Marte. 

O Elemento Ar corresponde ao Temperamento Colérico; ao naipe de Espadas; aos signos de Libra, Gêmeos e Aquário; a aos planetas Saturno e Mercúrio. 

.O Elemento Fogo corresponde ao Temperamento Sanguíneo; ao naipe de Paus; aos signos de Áries, Sagitário e Leão; e aos planetas Sol e Júpiter. 

Portanto, se classificarmos os assuntos do mundo a os fenômenos em termos dos quatro elementos, veremos imediatamente sua vinculação com a Astrologia e o Tarô. Ora, a classificação é o estágio que segue imediatamente a observação no método científico. Boa parte do trabalho científico consiste simplesmente nesses dois processos; de fato, para os soldados rasos da ciência, eles representam toda a sua atividade. Se a ciência se limitasse a essas duas atividades, como de fato o faria se prestássemos ouvidos aos nossos cientistas mais prosaicos, ela seria apenas uma compilação dos fenômenos naturais, como se os agentes estivessem no universo. Mas o cientista imaginativo, o único que merece o nome de pesquisador, utiliza a classificação não tanto como meio para ordenar as coisas, mas para conhecer-lhes as relações. 

Para revelar tendências a condições gerais, a experiência universal daqueles que estudaram essas matérias concorda em que a Astrologia é o meIhor sistema de correspondências. Mas, para obter respostas a uma questão isolada, ela não é suficientemente específica, pois muitos fatores podem entrar em jogo, modificando o resultado. O adivinho iniciado faz uso, por conseguinte, de sistemas mais específicos, como a adivinhação pelo Tarô ou pela geomancia, quando deseja obter uma resposta a uma questão específica. 

Mas não vale a pena entrar numa loja a comprar um baralho de Tarô, a menos que se tenha o conhecimento necessário para construir as correspondências astrais de cada carta. Isso leva tempo, pois é preciso utilizar setenta a duas cartas. Uma vez isso feito, contudo, o operador poderá manipular as cartas com a plena certeza de que sua mente subconsciente, de qualquer maneira, escolherá as cartas que se referem ao assunto em questão. Não sabemos exatamente como isso se produz, mas uma coisa é certa, quando entramos em contato com o Grande Anjo do Tarô, as cartas são extremamente reveladoras.” 


  • X de Paus: Opressão

  • X de Copas: Sucesso Completo

  • X de Espadas: Ruína

  • X de Ouros: Riqueza


“Essas quatro cartas do Tarô, note-se, são alternadamente boas e más em seu significado; de fato, o Dez de Espadas é a pior carta que se pode tirar numa adivinhação. A esse propósito, poderíamos lembrar uma curiosa doutrina alquímica, a qual ensina que os signos dos planetas são compostos de três símbolos: o disco solar, o crescente lunar e a cruz da corrosão ou do sacrifício. Esses símbolos, quando corretamente interpretados, dão a chave da natureza alquímica do planeta a da sua utilidade prática na Grande Obra da transmutação. Por exemplo, Marte, em cujo símbolo a cruz em cima o círculo, é, como se afirma, externamente corrosivo a internamente solar; Vênus, em que o círculo em cima a cruz, é externamente solar a internamente corrosiva, ou, nas palavras da Escritura, "doce nos lábios, mas amarga nas entranhas". 

Nos quatro dez do Tarô prevalece o mesmo princípio. Cada carta representa a operação de um certo tipo de força espiritual, no plano da matéria densa. A carta mais espiritual, o dez do naipe cujo ás é a Raiz dos Poderes do Fogo, chama-se Senhor da Opressão. Isso nos ensina que as forças espirituais superiores podem ser externamente corrosivas quando operam sobre o plano da matéria. Os Poderes do Fogo, em sua potência mais elevada, no dez de paus, são os do fogo refinador. "Assim como o ouro se prova pela chama, assim o coração se prova pela dor." 

Por outro lado, todo o simbolismo do naipe de Copas, ou Cálices, manifesta claramente a influência venusiana; é nesse naipe que encontramos os Senhores do Prazer, da Felicidade Material a da Abundância. Mas encontramos também os Senhores do Sucesso Ilusório, do Sucesso Abandonado, da Perda no Prazer, o que mostra claramente que esse naipe, embora externamente solar, é internamente corrosivo. 

As Espadas estão sob a influência marciana, e o Senhor da Ruína indica o sacrifício total de todas as coisas materiais. 

Mas, em Ouros, Terra da Terra, a combinação é inversa, e descobrimos que o dez de Ouros é o Senhor da Riqueza.

Observamos, dessa maneira, que as cartas de naipes de natureza primordialmente espiritual são externamente corrosivas no plano físico; e as cartas de naipes de natureza primordialmente material são externamente solares, ou benéficas, no plano material. Isso ensina uma lição muito útil, a dá uma importante chave quando utilizada nos sistemas de adivinhação em que se procura discernir a ação dos poderes espirituais que agem num determinado caso. 

Essas quatro cartas, portanto, dão uma indicação muito,exata da natureza da operação das forças em Malkuth e, quando elas se apresentam numa adivinhação, podemos esperar que o ouro material irá corromper-se, e a corrosão exterior se voltará ao ouro, mais cedo ou mais tarde, sendo conveniente conduzir os negócios de acordo com essa situação. 

É a verdadeira utilidade da adivinhação permitir-nos discernir as forças espirituais implicadas em qualquer acontecimento, para agirmos adequadamente. Qual seria a utilidade, então, da adivinhação executada por alguém que não tem discernimento espiritual? E podemos esperar encontrar discernimento espiritual no ocultismo mercenário que fornece um tanto por uma certa quantia a muito mais por uma quantia maior? As coisas espirituais não se fazem dessa maneira. Entre os antigos, a adivinhação era um rito religioso, a deveria sê-to para nós, a não ser que desejemos semear a má sorte.”


Referências: Cabala Mística - Dion Fortune
Post por Gecko





















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